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11/03/2019

Portaria virtual reduz custos, mas enfrenta crítica

Portaria virtual reduz custos, mas enfrenta crítica

Não há exatamente uma estatística que comprove o aumento do número de condomínios que se utilizam das portarias eletrônicas ou virtuais, onde não há um funcionário no controle de acesso, que é feito por sistemas eletrônicos e monitorado à distância em uma central. De um lado os condomínios sustentam que o custo cai muito e diminuem as fragilidades na segurança causadas por erros humanos, de outro a representação sindical da categoria garante que o sistema eletrônico não deve substituir a função humana. O assunto divide opiniões.

 

Segundo dados do SEEC ABCD (Sindicato dos Empregados de Edifícios e Condomínios Residenciais e Comerciais do ABCD) a região tem cerca de 2,8 mil condomínios residenciais e cada um tem em média, cinco funcionários, ou seja, a categoria reúne mais de 12 mil porteiros em atuação nas sete cidades. “Alguns prédios que implantaram o sistema eletrônico tiveram prejuízos e voltaram atrás. Existem vários problemas que podem ocorrer, como falta de energia, uma banda larga que não comporta os dados e como resultado fica gente presa no elevador e morador que não consegue entrar”, destaca o presidente do sindicato, Delfonso Pereira Dias.

 

Já para o presidente da Acresce (Associação das Administradoras de Condomínios Residenciais e Comerciais), Adonilson Franco, o sistema eletrônico traz vantagens e cita o grande número de ataques criminosos a condomínios que ocorreram por falha humana na portaria. “Tem as falhas, em que muitas vezes o porteiro permite a entrada de pessoas estranhas, essa é uma questão fundamental que por si só já justificaria [a implantação do sistema eletrônico], além dos custos com a folha de pagamento”, justifica. Para Franco, o sistema pode custar inicialmente o dobro da folha de pagamento, por conta das adaptações e equipamentos necessários, mas há uma amortização ao longo do tempo. “Tudo depende da sofisticação do sistema, com reconhecimento facial ou digital”, explica.

 

O representante dos trabalhadores chama a atenção para os dados dos condôminos, que ficam em poder da empresa. “O que acontece com esses dados e com tudo que foi filmado?”, questiona. De outro lado Franco, da Acresce, diz que onde há porteiros essas informações ficam com eles, o que pode gerar insegurança. “Esses dados podem vazar, com o sistema eletrônico o risco é menor”, acredita.

 

Para a garantia dos postos de trabalho o sindicato aprovou em convenção coletiva alguns dispositivos, como a ocorrência de multa em caso de dispensa de funcionário para a implantação de sistema eletrônico. “Dispensar funcionário é mais fácil, o caminho mais curto e estamos tomando medidas para evitar isso e qualificar o nosso pessoal”, diz o sindicalista. Já Franco, considera que a digitalização é um caminho sem volta. “Por conta da segurança e do custo essa é uma situação cada vez mais real”, afirma. Sobre eventuais falhas no sistema o presidente da Acresce se defende. “Não há sistema 100% imune”, completa.

 

Recomendação


Para o síndico profissional Gilberto Chuler, que atua em condomínio de Diadema e presta consultoria no mercado, considera que o custo do sistema digital é atraente. Prova é que tem sido muito consultado em relação ao novo modelo. “Me procuram muito para opinar nestes casos”, conta. Porém, Chuler avalia que a figura humana ainda é indispensável em condomínios maiores. “Em geral, o sistema virtual funciona melhor em condomínios com até 60 apartamentos e torre única, mesmo assim eu não recomendo. Se não tem um porteiro fisicamente no local, quem vai receber as correspondências e encomendas? O condomínio vai ter de colocar um zelador 24 horas? Então não adianta muito. Quando me chamam para opinar, eu não recomendo, pois entendo que o sistema digital é mais vulnerável”, declara.

 

Chuler avalia que a economia com a portaria virtual pode ser falsa. “Os leitores de sistemas digitais, por exemplo, a cada quatro ou cinco meses têm de serem trocados por causa da rotatividade. E para evitar ter problemas com queda de energia o condomínio tem de investir em nobreaks, além de uma banda larga potente”, afirma.

 

Fonte: Reporter Diario


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